segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Análise do Poema "Cantares Santomenses"

Nome: Pedro Henrique de Souza Carvalho                   Turma: 2104

A voz detrás do poema
Um poema pode falar mais do que o eu lírico pretende.  Através da análise de um poema podemos descobrir o período em que foi escrito, o contexto social, as influências do autor e até seus sentimentos mais ocultos. Utilizemos esse processo de análise com Caetano da Costa Alegre, um grande escritor são tomense.

  
CANTARES SANTOMENSES
(A meu tio Jerônimo José da Costa)

Branca a espuma e negra a rocha,
Qual mais constante há-de ser,
A espuma indo e voltando, 
A rocha sem se mexer?

Não creias que em teu jazigo
Alguém parta o coração,
No mundo quem morre, morre,
Quem cá fica come pão.

Não me dizem quanto tempo
Tenho ainda que viver,
Ficava ao menos sabendo
Quando finda o meu sofrer.

Se eu me casasse contigo,
Fazia um voto de ferro,
De deixar-te unicamente
No dia do meu enterro.

Todos me dizem: “esquece
Essa paixão, que te abrasa”.
Que serve fechar a porta
Ao fogo que tenho em casa?

Não havia tanta cara
De asno, de tolo e pedante,
Se falasse, quem censura,
Com um espelho adiante.

Brotam espinhos da rosa,
O incêndio brota do lume.
A traição brota das juras,
Brota do amor o ciúme.

Numa loja conhecida
O que é cem custa duzentos,
Levam dinheiro em fazendas
E o tempo nos cumprimentos.

Macaco, chamaste tolo
Ao meu pequeno sagüi.
Também queria que ouvisses
O que ele disse de ti.

Por teu desdém não me mato,
Não faço tamanha asneira,
Se o meu amor tu não queres,
Há muita gente que o queira.

Quem pode num campo vasto
O joio apartar dos trigos?
Quem conhece dentre os falsos
Os verdadeiros amigos?

Os leitores mais atentos as antigas(ou atuais) aulas de português com certeza já perceberam coisas básicas como a metrificação dos versos(redondilha maior) ou o esquema de rimas(ABCB), mas, analisemos mais profundamente. Repare você, leitor, como logo no título o eu lírico exalta sua pátria, como ele no primeiro verso observa a natureza e nos versos seguintes problematiza através dessa análise, como  metaforicamente fala da descriminação e alienação das pessoas negras e de um romance fracassado com uma sentimentalidade que trespassa a barreira autor/eu lírico. Com esses simples detalhes percebemos que este autor viveu durante a época do romantismo; que tratou do tema racial e os sentimentos da raça negra; que sofreu uma desilusão amorosa marcante. Agora saiba que todas essas coisas aconteceram realmente na vida de Caetano e que você a partir de um simples poema deduziu tudo isso.   

domingo, 30 de novembro de 2014

VÓS QUE OCUPAIS A NOSSA TERRA


E preciso não perder
de vista as crianças que brincam:
a cobra preta passeia fardada
à porta das nossas casas.
Derrubam as árvores fruta-pão
para que passemos fome
e vigiam as estradas
receando a fuga do cacau.
A tragédia já a conhecemos:
a cubata incendiada,
o telhado de andala flamejando
e o cheiro do fumo misturando-se
ao cheiro do andu
e ao cheiro da morte.
Nós nos conhecemos e sabemos,
tomamos chá do gabão,
arrancamos a casca do cajueiro.
E vós, apenas desbotadas
máscaras do homem,
apenas esvaziados fantasmas do homem?
Vós que ocupais a nossa terra?

- Maria Manuela Conceição Carvalho Margarido

sábado, 29 de novembro de 2014

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Parque Natural Ôbo


   É uma reserva natural de São Tomé e Príncipe, foi criado em 2006 para proteger a biodiversidade do arquipélago. O parque é famoso internacionalmente por suas florestas densas e com extensa variedade de biotipos, com mangais e áreas de savana.


  • Fauna:
  Uma das espécies mais conhecidas é o macaco-mona. Há também populações de gatos, porcos selvagens, ratos e morcegos, além de diversas espécies de aves e tartarugas.

Macaco-mona




  • Flora:
   Grande parte do território do parque é caracterizado por uma densa cobertura florestal. As orquídeas, os fetos e os musgos são muitos frequentes. Há também árvores de grande porte como o pinheiro-de-são-tomé. A fruta-pão é essencial na alimentação dos são-tomenses. Existe também jaqueiras, bananeiras, goiabeiras, coqueiros e palmeiras.

Fruta-pão





quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Arte São Tomeense


   Alex-Keller Fonseca é um pintor nascido em 1984 em São Tomé e Príncipe. Ele vive e trabalha entre Portugal e seu país de origem e desde 1998 tem participado em diversos concursos nacionais e internacionais, em exposições coletivas e individuais. Vale a pena conferir seu incrível trabalho!

Algumas de suas obras:

Título: Mãe na adolescência I (2011)




Título: Rostos Diferentes (2009)





Título: Contemplo da Vida (2010)





quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Religião Santomense

Religião de São Tomé e Príncipe

Como sabemos, independente de onde vivemos, a religião exerce uma forte influência sobre a vida dos milhões de indivíduos existentes em toda parte do mundo. Seja a sua qual for, convido você leitor, a conhecer a ampla diversidade de crenças que se apresentam em inúmeros lugares, dentre eles o nosso querido e tão amado São Tomé.
A religião da ilha deriva dos diferentes cultos das divindades locais e ancestrais provenientes do continente africano. Além disso, algo que se assemelha muito a nós, é a presença do cristianismo. Isso deve-se a gama de indivíduos com as mais variadas origens que foram para a Ilha.
Distingue-se contudo, duas tendencias religiosas acentuadas: a animista e a católica. A primeira se funda no conhecimento fetichista, onde há a concepção de mais de um Deus. Já a segunda, é uma interpretação cristã do mundo que por sinal não os satisfaziam completamente, por não explicar muitos fenômenos considerados sobrenaturais e misteriosos.
 O povo de lá vive da fé, embora se verifique que muitos vivem à sua maneira, pois é muito comum ouvir-se dizer “ eu cá tenho minha fé”, ou “eu vivo conforme aquilo que penso ser melhor para mim”. Hoje a religião Santomense é tida como algo necessário, servindo ela para se ter auxílios para qualquer e todos projetos para a vida. Lá encontram-se práticas manequistas e o espiritismo, o *Djambí e o *Bambí, o *Flêcê e o *Pagá-Devê. Há também pessoas que passam de porta em porta lendo a bíblia como os testemunhas de Jeová, chamados de “Os de Jeová “.
Embora constituídos por uma amálgama de crenças, são bem característicos os ritos funerários, um verdadeiro culto aos mortos, onde na altura do falecimento, os indivíduos que estão de vigília saem do quarto em gritaria para não interromperem a saída da alma do defunto, queimam-lhe a cama para que a mesma não volte a este mundo, e bebem genebra com cola pondo-se a fazer o elogio fúnebre, ressaltando as qualidades dos mortos. Após, o cadáver é lavado e vestido posto ao caixão onde sua família irá beijá-lo e se direcionar à igreja para sepultá-lo. No sétimo dia de falecido, fazem uma grande festa para celebrar. Essa mística religiosa manifesta-se em muitos aspectos da vida.
No nascimento, os três primeiros dias de vida da criança, a amamentação é por conta da vizinha, pois segundo a crença, o leite da mãe seria maligno. São amarrados ao pescoço da criança pedacinhos de paus e folhas que afastam os feiticeiros que provavelmente viriam chupar o sangue da criança. A criança é passada de colo em colo todas as noites para que o feitiço não tenha tempo de entrar nela.
*Entende-se por D’Jambi um ritual mágico ligado ao misticismo, cujo objectivo é de curar os enfermos e acalmar os espíritos dos antepassados.
*Muito comum nas mulheres grávidas, prestes a dar à luz. Terão que cortar Bambí, como forma de se redimirem dor juramentos feitos à toa perante o marido ou outras pessoas.
*Flêcê: neste culto, um mês após o nascimento do filho a mãe oferece-o ao mundo, e a Deus. é similar à atividade da igreja, pois aproxima-se a apresentação do menino Jesus ao templo do Senhor, associado a purificação de Nossa Senhora, pois costuma-se dizer que a mulher só se torna pura e merecedora do respeito do marido depois de oferecer o seu filho.
*Pagá-Devê é uma crença de origem africana, similar à da igreja católica, pois, tal como nela acredita-se em algo que redima o ser humano do pecado original. Todos nós temos
uma oportunidade, por isso mesmo, o Pagá-Devê representa a oportunidade que o ser humano tem de se redimir de algo que o fez tronar-se humano.
Por Lorrein Diuly, Aluna da turma 2012

Tchiloli

           São Tomé e Príncipe constitui um centro de congregação de vários povos. Como resultado desta mistura, temos a assimilação de várias tradições, costumes e culturas trazidas essencialmente pelas pessoas que vieram trabalhar nas ilhas a título de trabalho contratado. Assim sendo, São Tomé e Príncipe apresenta, no panorama histórico-cultural, um conjunto de manifestações que consideramos ser o nosso património. Deste modo temos a Puíta, Socopé, Bulauê, Danço-congo, Ússua, Quiná, D’jambi, Deixa, Vindes Menino, Auto de Floripes e o Tchiloli ou a tragédia do Marquês de Mântua e do imperador Carlos Magno. 

           Desde o século XVI, uma peça de teatro, o Tchiloli, é encenada na ilha de São Tomé e Príncipe. A representação dura quase quatro horas. O Tchiloli conta-nos a história de uma das personagens mais emblemáticas do contexto europeu, o Imperador Carlos Magno, que tinha como único herdeiro o seu filho D. Carloto. D. Carloto apaixona-se perdidamente pela mulher do seu melhor amigo, Valdevinos, sobrinho do Marquês de Mântua. Tal facto faz com que D. Carloto, convide Valdevinos para uma caçada. No entanto, durante a caçada, o príncipe ataca Valdevinos pelas costas com uma navalha, causando-lhe um grande ferimento que culmina com a sua morte. Mas, antes da sua morte confessa ao pajem que quem o atacara fora o príncipe. Deste modo, a notícia espalha-se feito rastilho de pólvora, chegando até a corte do seu tio Marquês de Mântua, que, convoca a reunião de família, com o objectivo de apanhar o culpado pelo crime, e de fazer com que o mesmo pague por tal acto cruel. Assim começa a investigação. O culpado fora descoberto através do pajem, que levava uma carta de D. Carloto ao seu tio Roldão confessando-se assassino de Valdevinos. Contudo, o Príncipe negando-se culpado tenta livrar-se da acusação que lhe pesava com a ajuda do seu advogado. Todo esse esforço em vão, pois, fica posteriormente provado que o mesmo era o culpado e que tinha ser julgado. O imperador como alguém justo e imparcial era obrigado a prendê-lo, ainda que fosse seu filho. A rainha tenta persuadi-lo a não fazer tal coisa mas o mesmo permanece firme na sua decisão. Deste modo, a família enlutada sai ainda que triste pela morte de Valdevinos, contente por se ter feito justiça. Como forma de acabar com o conflito entre as duas famílias, o Marquês cumprimenta o imperador felicitando-o pela imparcialidade e humildade com que geriu o caso.



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