Nome: Pedro Henrique de Souza Carvalho Turma: 2104
A voz detrás do poema
Um poema pode falar mais do que o eu lírico pretende. Através da análise de um poema podemos descobrir o período em que foi escrito, o contexto social, as influências do autor e até seus sentimentos mais ocultos. Utilizemos esse processo de análise com Caetano da Costa Alegre, um grande escritor são tomense.
CANTARES SANTOMENSES
(A meu tio Jerônimo José da Costa)
Branca a espuma e negra a rocha,
Qual mais constante há-de ser,
A espuma indo e voltando,
A rocha sem se mexer?
Não creias que em teu jazigo
Alguém parta o coração,
No mundo quem morre, morre,
Quem cá fica come pão.
Não me dizem quanto tempo
Tenho ainda que viver,
Ficava ao menos sabendo
Quando finda o meu sofrer.
Se eu me casasse contigo,
Fazia um voto de ferro,
De deixar-te unicamente
No dia do meu enterro.
Todos me dizem: “esquece
Essa paixão, que te abrasa”.
Que serve fechar a porta
Ao fogo que tenho em casa?
Não havia tanta cara
De asno, de tolo e pedante,
Se falasse, quem censura,
Com um espelho adiante.
Brotam espinhos da rosa,
O incêndio brota do lume.
A traição brota das juras,
Brota do amor o ciúme.
Numa loja conhecida
O que é cem custa duzentos,
Levam dinheiro em fazendas
E o tempo nos cumprimentos.
Macaco, chamaste tolo
Ao meu pequeno sagüi.
Também queria que ouvisses
O que ele disse de ti.
Por teu desdém não me mato,
Não faço tamanha asneira,
Se o meu amor tu não queres,
Há muita gente que o queira.
Quem pode num campo vasto
O joio apartar dos trigos?
Quem conhece dentre os falsos
Os verdadeiros amigos?
Os leitores mais atentos as antigas(ou atuais) aulas de português com certeza já perceberam coisas básicas como a metrificação dos versos(redondilha maior) ou o esquema de rimas(ABCB), mas, analisemos mais profundamente. Repare você, leitor, como logo no título o eu lírico exalta sua pátria, como ele no primeiro verso observa a natureza e nos versos seguintes problematiza através dessa análise, como metaforicamente fala da descriminação e alienação das pessoas negras e de um romance fracassado com uma sentimentalidade que trespassa a barreira autor/eu lírico. Com esses simples detalhes percebemos que este autor viveu durante a época do romantismo; que tratou do tema racial e os sentimentos da raça negra; que sofreu uma desilusão amorosa marcante. Agora saiba que todas essas coisas aconteceram realmente na vida de Caetano e que você a partir de um simples poema deduziu tudo isso.
A voz detrás do poema
Um poema pode falar mais do que o eu lírico pretende. Através da análise de um poema podemos descobrir o período em que foi escrito, o contexto social, as influências do autor e até seus sentimentos mais ocultos. Utilizemos esse processo de análise com Caetano da Costa Alegre, um grande escritor são tomense.
CANTARES SANTOMENSES
(A meu tio Jerônimo José da Costa)
Branca a espuma e negra a rocha,
Qual mais constante há-de ser,
A espuma indo e voltando,
A rocha sem se mexer?
Não creias que em teu jazigo
Alguém parta o coração,
No mundo quem morre, morre,
Quem cá fica come pão.
Não me dizem quanto tempo
Tenho ainda que viver,
Ficava ao menos sabendo
Quando finda o meu sofrer.
Se eu me casasse contigo,
Fazia um voto de ferro,
De deixar-te unicamente
No dia do meu enterro.
Todos me dizem: “esquece
Essa paixão, que te abrasa”.
Que serve fechar a porta
Ao fogo que tenho em casa?
Não havia tanta cara
De asno, de tolo e pedante,
Se falasse, quem censura,
Com um espelho adiante.
Brotam espinhos da rosa,
O incêndio brota do lume.
A traição brota das juras,
Brota do amor o ciúme.
Numa loja conhecida
O que é cem custa duzentos,
Levam dinheiro em fazendas
E o tempo nos cumprimentos.
Macaco, chamaste tolo
Ao meu pequeno sagüi.
Também queria que ouvisses
O que ele disse de ti.
Por teu desdém não me mato,
Não faço tamanha asneira,
Se o meu amor tu não queres,
Há muita gente que o queira.
Quem pode num campo vasto
O joio apartar dos trigos?
Quem conhece dentre os falsos
Os verdadeiros amigos?
Os leitores mais atentos as antigas(ou atuais) aulas de português com certeza já perceberam coisas básicas como a metrificação dos versos(redondilha maior) ou o esquema de rimas(ABCB), mas, analisemos mais profundamente. Repare você, leitor, como logo no título o eu lírico exalta sua pátria, como ele no primeiro verso observa a natureza e nos versos seguintes problematiza através dessa análise, como metaforicamente fala da descriminação e alienação das pessoas negras e de um romance fracassado com uma sentimentalidade que trespassa a barreira autor/eu lírico. Com esses simples detalhes percebemos que este autor viveu durante a época do romantismo; que tratou do tema racial e os sentimentos da raça negra; que sofreu uma desilusão amorosa marcante. Agora saiba que todas essas coisas aconteceram realmente na vida de Caetano e que você a partir de um simples poema deduziu tudo isso.